Arte de capa com montagem no rótulo da Colorado Appia |
Memória, para mim, é algo mais do que importante, é valiosa, é confortante e muitas vezes motivo de leve sorriso quando estou só. Por isso faço de tudo e mais um pouco para cultivá-las. E é justamente nisso que a cerveja tem me ajudado, pois tem se tornado um marco, não a essência, mas o ponto de partida para muitas de minhas melhores e mais preciosas lembranças.
Você já parou para pensar que pode chegar o dia em que você não tenha mais nada, além de suas memórias, suas recordações? ou ainda, você já parou para pensar que um dia você pode ser apenas uma lembrança para alguém?
São perguntas como essas que tem me acompanhado nos últimos dias e respostas para as mesmas nem sempre são exatas e muito menos fáceis. A maioria das pessoas sequer gostam de falar sobre isso, mas ninguém escolhe o momento que uma pessoa passa a ser uma memória; as coisas simplesmente acontecem, estejamos nós prontos ou não. Então, outra pergunta que me vem: o que fazer, além de aceitar?
Se faço essa pergunta durante uma conversa, a resposta muitas vezes é um silêncio, na maioria das vezes acompanhado por tristeza. Se me questionam sobre isso, minha resposta talvez seja relacionada às memórias que criamos e deixamos, pois isso não tem prazo de validade em quem nos tire, pois é algo nosso, só nosso e de mais ninguém.
Neste ponto, imagino que você esteja se perguntando qual é o sentido deste post, um tanto quanto melancólico, acertei? Pois é, acho também que você já sabe o que deve ter acontecido, por isso, pulemos esta parte, e falemos do que fica, porque e como fica.
No último domingo, assim que recebemos a notícia da perda de uma pessoa muito importante e querida de nossa família, me lembrei de uma foto tirada há agumas semanas e que, para minha supresa, não trazia nada de triste, pelo contrário: Mesmo em meio a uma grave enfermidade, dor, angústia e incerteza, foi possível viver um momento extremamente descontraído e feliz. Foi possível esquecer a tristeza e a dor, mesmo que brevemente, graças ao simples fato de uma pessoa, pela primeira vez na vida, experimentar uma cerveja artesanal e descobrir, mesmo em algo velho, uma novidade.
Numa tarde de domingo, enquanto eu estava na casa de minha sogra, onde sempre mantenho uma boa quantidade de cervejas artesanais dos mais variados rótulos, recebemos a visita de uma tia que há muitos anos estava lutando contra o câncer e eu, como sempre faço, resolvi apresentar uma das cervejas que tinha ali. Não me recordo bem porque escolhi uma Colorado Appia, que nem é uma de minhas preferidas, talvez tenha sido pela baixa graduação alcoólica e pelo paladar leve e doce. Mas a lembraça que agora tenho da pessoa que se foi é de um olhar curioso e atento, do sorriso após a degustação de olhos fechados, da pausa para sentir o gosto e da respiração leve e sem pressa. Da gratidão que senti ao ouvi-la dizer que não sabia que existia cervejas com sabores tão bons e diferentes e que nunca havia passado por uma experiência como aquela, o que a deixou feliz. Isso foi muito, muito reconfortante, mas acho que nada vai valer tanto quanto ver um sorriso, tão precioso, tão inesperado e tão eterno... E esta é a memória que fica, que ninguém apaga e que tudo supera...
Saúde!
Uma foto de família: O sorriso eterno |
Ficou simplesmente perfeito! Obrigada por nos proporcionar esse belo sentimento, realmente será um sorriso eterno!
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