sábado, 5 de dezembro de 2015

Garrafas #20 - Faxe Royal, DadoBier, Nói, Birra Moretti e a economia brasileira

Montagem com rótulo da Faxe Royal
Montagem com rótulo da Faxe Royal
Fiz uma reviravolta em minha vida e ultimamente tenho trabalhado intensamente em outros projetos, por isso não tenho escrito tanto para o MemoBier, como gostaria de fazer. Mas, se tem uma coisa eu não parei, aliás, tenho feito mais do que nunca, é beber cerveja (moderada e responsavelmente) e colecionar memórias (e garrafas :D). O mais legal de tudo é que parte das mudanças que tenho feito em minha vida, diz respeito à maneira e os locais aonde tenho ido. E é justamente este o tema desta postagem.


Então segura este celular aí, diminui o brilho da tela e não vá para o Fecebook, Whatsapp, Instagram, Snapchat, Periscope, Twitter, Youtube, Viber Tinder, Happn ou qualquer outra coisa, enquanto não terminar de ler, ok? O mesmo vale se você estiver lendo pelo computador, a única diferença é que peço que você se sente corretamente e não fique com a carona colada na tela :D. Tudo pronto? Então bora!


Vou me aventurar a falar sobre algo que, assumo, pode ser que eu esteja errado ou falando alguma asneira, mas são as minhas impressões, as minhas experiências e por isso gostaria de abordar: um pouco de economia.

É, eu sei, quando se fala em economia, logo pensamos na crise no país, que está muito séria e elevou os preços às alturas, o que com que projetos como aquela viagem há muito desejada ou a troca de seu carro fiquem para depois, são planos futuros por que agora não dá, está difícil… é, meu amigo, é triste.. mas não para os vendedores e consumidores de cerveja artesanal!


Quer dizer, não que os comerciantes estejam dando pulos de alegria. Para se ter uma ideia, o governo do Estado de São Paulo aumentou ainda mais os impostos sobre bebidas alcoólicas. Porém, o movimento cervejeiro, sobretudo o de cervejas artesanais, tem proporcionado algo que nunca sai de moda e não há impostos ou adversidades que impeçam: o encontro, uma conversa agradável com seus amigos, nem que seja para falar da crise.


Se você trabalha no horário comercial, apenas para exemplificar, provavelmente não vê a hora de chegar a bendita da sexta-feira, para poder se encontrar com pessoas de quem você goste. Essas pessoas podem ser, inclusive, seus companheiros de trabalho, por que não? O importante é poder aproveitar melhor a vida, com mais qualidade, e deixar todo o estresse e preocupações do dia-a-dia para depois. Acertei?


Não que isso seja uma novidade; não é! mas o que quero dizer é que, em tempos de tecnologia, de internet etc, muitas pessoas fazem questão de encontrar pessoalmente, olhar nos olhos, sentir o cheiro, conhecer pessoas e lugares novos, viver novas experiências, dar risada de piadas repetidas, cantar a mesma música, falar sobre suas séries ou livros do momento. O que é bom para os donos de bar, que tem seu público sempre fiel, pois é justamente nestes lugares que estes encontros costumam acontecer.


E é exatamente isso que me traz a este post. Como os leitores que acompanham o blog já sabem, não é a cerveja que me move, mas sim a cultura ao seu redor e todas as ricas experiências que ela me proporciona. Em muitos desses momentos que tenho vivido, tenho notado a descentralização destes encontros, ou seja, hoje não é mais necessário ir a um bar que fica no centro da cidade, na região mais abarrotada de carros e de gente, aonde você precisa ir de carro ou de trem lotado, por exemplo. Até por que, a combinação álcool e direção, não combina, os bons bebedores sabem disso. Para os que não sabem, ou fingem não saber, a fiscalização está por todos os lados e as punições são severas.


Isso tem feito com que as pessoas passem a dar preferência a lugares mais próximos de suas casas, o que evita sobretudo as horas (e dinheiro) perdidas no trânsito.


Alinhado a isto, está o fato de que as novas gerações tem colocado em prática hábitos mais saudáveis e conscientes de consumo e, consequentemente, de vida. Você não precisa ingerir uma caixa inteira de cerveja com os amigos, como se fazia há algum tempo, isso não é legal e muito menos saudável. É muito melhor apreciar uma cerveja que realmente tenha gosto de cerveja, um momento que talvez fique na memória e uma companhia única, por exemplo. Se você não gosta de cerveja, posso citar outro exemplo: O que é melhor, pegar o carro, enfrentar o trânsito de sua cidade, entrar num shopping, procurar vaga no estacionamento, pegar uma fila gigante no cinema, pagar caro no ingresso e assistir um filme comendo pipoca gordurosa (e cara), ou ir para tua casa e assistir algo no Netflix com a(s) pessoa(s) mais importante(s) para você, comendo ou bebendo algo que você mesmo tenha preparado?


Não que isso seja uma regra, porque ir ao cinema também é legal, mas minha intenção é mostrar como os hábitos de consumo tem se transformado nos últimos tempos e comprovar, com estes argumentos, o que tem feito com eu eu e muitas das pessoas que conheço temos procurado viver nossas experiências em locais mais afastados de tudo e de todos e consumir alimentos que, se não agregam, ao menos não interfiram em sua saúde.


É neste cenário novo que destaco as memórias guardadas e, neste momento, revividas em minhas latas e garrafas de Faxe Royal, DaDoBier, Nói e Birra Moretti, pois o que me levou a todas elas foram estas transformações, digamos socioeconômicas, que temos vivido.


A primeira delas, A Faxe Royal, foi degustada ao final da primeira visita que fiz ao Bar do Necão, em Osasco, um lugar que eu sinceramente recomendo que você conheça. Antes de falar do estabelecimento, gostaria de compartilhar algo que sempre falo para todas as pessoas a quem falo sobre este bar: o atendimento que se recebe ali. Me lembro dos meus primeiros momentos dentro do bar; eu havia acabado de chegar e tomar meu lugar à mesa e logo fui recebido pelo Neco Gurgel, proprietário do estabelecimento que, tão logo eu cheguei, reconheceu que se tratava de minha primeira visita ao local e me deu as calorosas boas vindas.


Naquele dia eu carregava algumas cervejas que havia comprado e, ao notar minha sacola, o Neco percebeu meu gosto pelas cervejas artesanais e me apresentou as que tinha em sua prateleira. Se não me engano tinha Wells Waggle Dance, Baden Baden Golden, Coruja Extra Viva. Faxe e outras. Ao final da noite, quando muitos clientes já haviam ido embora e as portas do bar foram fechadas, o Necão presenteou os que ficaram com uma das bebidas que ele não vende, na ocasião foi um licor, se não me engano, envolvido por uma pedra enorme de gelo. Como se não bastasse ainda nos presenteou com uma Faxe Beer. Tão bom foram a experiência e o atendimento, que quis guardar a lata da Faxe, que eu já conhecia e à qual até então não havia atribuído algo tão especial.


Agora sim, para finalizar esta parte, falo sobre o bar. Se você mora ou trabalha nas proximidades de Osasco, recomendo que faça uma visita ao Bar do Necão, onde você pode saborear boa comida e bebida, ao som de excelente jazz. Pode parecer, mas eu não estou recebendo um centavo para fazer esta recomendação ou falar bem deste bar. Recomendo por que realmente vale a pena. Se você for, repare por exemplo, como um bom líder deve ser, observe como uma boa equipe deve ser e verá que não há segredo para oferecer um ótimo atendimento, se em primeiro lugar, acima do lucro, estiver o respeito e o carinho pelas pessoas. É isso o que você vai encontrar no Bar do Necão.
Amigos no Bar do Necão
Com os amigos no Bar do Necão
Em segundo lugar, a DaDoBier, uma cerveja de trigo que degustei na Oca dos Malucos, que fica na Aldeia Jesuítica de Carapicuíba. Eu conheci este bar por indicação do meu amigo Andros Lima que na ocasião me recomendou o “melhor bar que se tinha notícia perto de onde moramos”. Trata-se de um bar rock’n roll, recanto dos motoqueiros locais, situado numa casa remanescente do período colonial brasileiro, construída pelos Jesuítas e atualmente tombada como patrimônio histórico da humanidade. Para quem não conhece a história, a qual sempre me orgulho de contar, foram construídas 12 aldeias no entorno do Pátio do Colégio (a Praça da Sé, em SP) a fim de proteger e controlar o acesso, das quais apenas a Aldeia de Carapicuíba permanece até hoje da mesma maneira como foi construída, uma relíquia histórica e arquitetônica (isto é apenas um breve resumo). O espaço conta com mesas ao ar livre e boa música sempre, por isso recomendo e visito sempre que posso.


Em terceiro lugar, a Nói, outra cerveja de trigo deliciosa que degustei no último dia 25 de agosto, aniversário de minha namorada, quando visitamos pela primeira vez o Gasoline Beer & Burger, um aconchegante e bonito bar, cuja placa sempre me despertou curiosidade todas as vezes que passei pela Avenida São Camilo, até que um dia decidi visitar.
Na ocasião, além de saborear o melhor hambúrguer artesanal da Granja Viana e ouvir excelente jazz tocado ao vivo, encontrei as cervejas da Backer, que conheci em Ouro Preto-MG, algo que não imaginei que pudesse acontecer tão próximo de minha casa. Mas foi uma cerveja um pouco mais discreta que me surpreendeu, uma que estava no fundo da geladeira, a Nói de trigo. Eu realmente não me lembro de ter encontrado tando sabor numa cerveja de trigo. Por isso recomendo que você saia da rotina e visite o Gasoline, que também é um bar onde se oferece excelente atendimento.


Por último, mas não menos importante e ainda mais próximo de minha casa, gostaria de destacar o Tribos Bar Lounge Beer, o bar da cerveja azul, cuja proposta ousada me agradou de imediato: apresentar cervejas artesanais para as “tribos” de Carapicuíba. Neste bar o pessoal do Rock, do Reggae e do Rap sempre encontram e se misturam, num ambiente amigável, regado a boa música, diversão e, obviamente, boa cerveja.
Foi numa das primeiras visitas que fiz a este bar que decidi pedir a única cerveja que ainda não conhecia, dentre as que estavam disponíveis, uma Birra Moretti, vinda da Itália. Não é muito comum encontrar cervejas italianas por aqui, mas se você encontrar, prove, por que os italianos produzem excelente cerveja.

Não sei se você ficou com curiosidade para saber por que o Tribos é o bar da cerveja azul, mas isso vou deixar para que você mesmo descubra, quando visitá-lo ;-)


Para finalizar
Finalizo este post incentivando que você também faça parte dessas transformações, visitando os bares próximos de sua casa. Deixe o trânsito, o metrô lotado, os vallets absurdamente caros, a falta de vaga para estacionar, deixe a combinação Álcool+direção de lado. Isso é bom para você e também para a economia local, todos ganham.

Uma dica
Este post foi escrito ao som de "República dos Bananas", dos Titãs e "O Teatro dos Vampiros", da Legião Urbana enquanto degustava uma cerveja espetacular, que deixo aqui como sugestão, a BarcoThai Weiss, cerveja de trigo, com adição de gengibre, sensacional!
Barco Thai Weiss
Barco Thai Weiss
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Se for consumir cerveja, seja responsável e nunca beba em excesso. Um abraço e até a próxima, cheers!

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